Depois de meses
de preparação e ensaios, o Dragão finalmente
saiu do ovo. O nascimento aconteceu na noite de Sexta, dia 13, marcando
o início da SBPC Cultural. O público assistiu - e
participou - com empolgação o ato cênico dirigido
pelo idealizador da fera, Luiz Marfuz. Nada mais apropriado para
abrir a noite - que também contou com a presença do
Afoxé Filhos de Gandhi - que a revelação do
símbolo da Arte num evento que celebra a diversidade cultural.
A apresentação começou com a invocação
do Dragão por um grupo de dançarinos (representados
todos por parte do corpo da Escola de Dança da UFBa)
e por seu guardião, interpretado pelo ator Carlos Petrovich.
Enquanto os dançarinos estavam em cena, o guardião
entoava os versos - que ecoavam influências de tradições
nordestinas como o Terno de Reis - que despertariam o monstro.
Quando o Dragão entrou em cena soltando fumaça pelas
ventas de sua carranca, com um chapéu tipicamente nordestino,
o público reagiu com animação, gritando e aplaudindo.
Animado pelos dançarinos - que passaram para dentro dele
- a besta dançou ao som de música oriental, descendo
do palco e passeando no meio da audiência, chegando a provocar
medo em algumas pessoas.
Ele é muito grande! Dá medo quando ele avança,
disse Raquel, de 13 anos, enquanto se afastava e se aproximava do
monstro. Junto com ela, outras meninas do Projeto Circuito Ciências,
vindas de Pirituba, São Paulo, repetiam o movimento pendular,
conforme as evoluções do Dragão. Enquanto isso,
a maior parte da platéia admirava a dança, agora ao
som de tambores africanos, ou tirava fotos.
Logo em seguida, o Dragão foi atacado por atores em pernas
de pau, representando as forças da Ciência. Portando
lanças e vestindo ternos, os agentes da Ciência, fizeram
o monstro recuar, checando a domina-lo por alguns instantes. Inspirado
por um discurso do guardião - acusando os cientistas
de inventarem a chatice e os balões - o Dragão
reagiu, dispersando os cientistas.
Depois de livrar-se das ameaças da Ciência, o Dragão
voltou a dançar, dessa vez tendo Nação Zumbi
como trilha sonora.
Há séculos
e séculos, o Dragão passeia pelo mundo, assombrando
os povos. Às vezes gordo e escamoso, às vezes com
asas emplumadas, outras vezes elegante e sábio, o monstro
é - em suas diversas manifestações - um símbolo
escorregadio: ao mesmo tempo indefinível e inescapável.
Como a Arte.
Foi por conta dessa indefinição e da presença
em diversas culturas através da história que Luiz
Marfuz pensou no Dragão como símbolo da Arte durante
a SBPC Cultural. Precisávamos de um símbolo
que representa-se o tema do encontro, conta ele, e o
Dragão respondia muito bem, por ser símbolo de diversas
coisas e por todas as possibilidades de interpretação.
O significado do símbolo foi absorvido pela audiência.
Mônica, de Guaranhuns- Pernambuco, reconheceu nele elementos
da cultura nordestina, além de elementos europeus. O
Dragão representa bem o tema do encontro. Foi maravilhoso.
Quem teve medo do Dragão é melhor tomar cuidado: ele
estará presente em todos os dias da SBPC, à frente
do cortejo que guiará as pessoas dos diversos pontos do campus
para o Circo, onde acontecerão apresentaçõesde
grupos culturais.
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