Salvador deu,
na noite de abertura da SBPC, sua versão do tema da 53a.
Reunião da entidade.
A capital baiana traduziu nação e diversidade
no Teatro Yemanjá (Centro de Convenções) totalmente
tomado, com variadas expressões da cultura baiana e até
mesmo protestos políticos.
Sem dúvida,
o que mais surpreendeu e emocionou todo público presente
no Centro de Convenções esta noite, foi o nascimento
do Dragão. Símbolo do desconhecido, do não-mensurável,
ele nasceu (presentificou-se?) na SBPC já para enfrentar
os acadêmicos burocratas
que, do alto de suas pernas-de-pau, tentavam a todo custo destruir
aquilo que não conseguem medir e calcular.
Reiterando a
mítica de que baiano é sempre atrasado, a estudante
Nara Baqueiro, nascida em Salvador, 23 anos, perdeu o espetáculo
do Dragão. Mas isso não foi muito de desânimo:
Muitos grupos artísticos da Bahia estão representados.
A programação cultural é bastante diversa,
com apresentações de coisas novas e tradicionais.
Está quase um balaio de gato isso aqui. Tem de tudo,
afirma, animada.
À batalha
do Dragão, seguiu-se uma homenagem a Xangô. Quatro
músicas foram interpretadas ao Orixá da Ciência
e da Sabedoria. Esta homenagem inaugurou o uso do palco do Teatro
Yemanjá, tomado depois pela organização da
SBPC e personalidades da educação, ciência e
tecnologia de todo Brasil. Explicando os propósitos e o sentido
da SBPC e sua 53a. Reunião, os componentes da mesa fizeram
algumas homenagens. Uma delas, especial, à professora titular
Eliane Azevedo - que já foi reitora da UFBA -, por sua história
de dedicação à academia e, em particular, à
SBPC.
Durante vários
momentos a mesa foi interrompida por estudantes e representantes
de sindicatos, que protestavam contra os governos federal, estadual
e municipal e até mesmo contra a administração
central da UFBA. O momento em que sua intervenção
teve maior ressonância entre a platéia - que chegou
a aplaudir e ajudar a entoar o coro Democracia, democracia...
- foi quando estenderam uma faixa no segundo piso do teatro, com
os dizeres: saúde, educação, segurança
e justiça: esta luta é de todos nós.
Apesar de contarem com o apoio da maioria dos presentes no auditório,
as manifestações também provocaram críticas,
como a do estudante de matemática Egídio Rodrigues,
nascido em Guanambi (BA): manifestação tem hora
e lugar.
Logo depois
que a mesa encerrou sua participação na abertura da
Reunião da SBPC, 2 pares de trompetes anunciaram a entrada
do Afoxé Filhos de Gandhi,uma das instituições
mais consagradas da Bahia, que entrou em cortejo no Teatro Yemanjá,
simbolizando a paz. A entrada do Filhos de Gandhi também
marcou a conquista do palco pelo Dragão que finalmente ocupou
o lugar tradicionalmente reservado aos cientistas. Como não
poderia deixar de ser, os presentes na abertura da SBPC ainda ouviram
um coro cantar o hino do Senhor do Bonfim.
A energia festiva
e contagiante da SBPC ajudou a atenuar o clima de sítio e
medo que paira por toda Salvador. A situação atual
do estado e da cidade, entretanto, ainda foi a causa de muitos problemas.
Enquanto alguns professores não conseguiam conter a preocupação
devido a serem responsáveis por muitos estudantes que, sob
a tutela deles, deixaram suas cidades e vieram a Salvador, grupos
de estudantes viram de perto as dificuldades da falta de policiamento
e transporte coletivo. Foi o caso de Cristiane Damien, Carolina
Borges, Alexandre
Gazeta, Adilson Genari, Gabriel Rached, todos da UMESP (Araraquara/
SP), que foram da Pituba até o Centro de Convenções
andando. Foi uma luta estarmos aqui, dizem em uníssono.
A organização do evento afirma estar trabalhando cada
vez mais para garantir segurança e as melhores condições
para a realização da 53a. Reunião da SBPC.
Procuro
na SBPC uma visão global do que é a universidade
Manifestação tem hora e lugar
Egídio Rodrigues Martins, estudante de matemática
de Guanambi
Queremos
muito conhecer a cidade, ver as atrações turísticas
daqui
É uma pena que os mini-curso não coincidiram
com a nossa área
Achamos lindo os Filho de Gandhi e o Dragão.
Andaraí Santos e Isabele Albuquerque, Campina
Grande, vieram apresentar trabalho (estudam engenharia química)
|