Entrevista com Paulo Lima


Como o senhor avalia a abertura do SBPC?

Pensando que a cidade está vivendo esse momento difícil, eu vejo isso aqui com uma força muito grande. A presença de mil e quinhentas pessoas nessas condições equivale a três mil, quatro mil pessoas em situações normais. Então só a participação de mil e quinhentas pessoas já é um indicador da força do que se está fazendo aqui. Por outro lado, estamos vendo a homenagem a uma cientista baiana, da UFBA, pela sociedade brasileira, estamos vendo gritos por democracia, estamos vendo atividades artísticas envolvidas nisso tudo. Estou muito contente com o que está acontecendo e com a pluralidade do discurso, das pesquisas, e estou aqui para ver como isso se desenvolve e para participar.

Esse ano o SBPC está acontecendo em Salvador, num momento em que a cidade vive uma situação muito grave. Como fica essa relação? É uma oportunidade da Academia se manifestar em relação à realidade, já que há sempre tantas críticas ao seu distanciamento nesse sentido?

A situação foi tão dramática na cidade que talvez tenha até extrapolado um pouco a possibilidade de diálogo, de discurso, mas acho que agora que está começando - a gente espera - a retornar. Acho que ficou claro para todo mundo que a sociedade é sustentada por forças que normalmente nos acostumamos a não ver no cotidiano. Quando acontece isso, a gente vê que a sociedade precisa de soluções urgentes, e aí está um desafio para todo mundo que se diz cientista ou amigo da ciência, do que se está fazendo nessa direção. Que respostas a Universidade pode dar, todas as Universidades? Mas na hora da crise mesmo eu acho que não ajuda, é tão gritante que todo mundo quer se proteger e a gente parte quase para uma barbárie.

E a programação continua a mesma ou há alguma alteração em função desses acontecimentos?

Tudo que trabalhamos está mantido, mas estamos ao mesmo tempo sabendo que algumas coisas não vão poder acontecer porque implicam no deslocamento de pessoas. Por exemplo, nossa programação está muito baseada na programação de grupos de comunidades, de adolescentes, de movimentos artísticos de comunidades, e isso até o momento está sendo muito difícil, então vamos avaliar. Até aqui fizemos tudo que tínhamos planejado, vamos ver amanhã como isso vai transcorrer.

 

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