Folia da Fera


O primeiro cortejo do Dragão da SBPC, transformou em foliões os participantes, artistas e organizadores do evento. Da saída do Palco de Maracangalha, no PAF I, rumo ao Circo Araça Azul, uma multidão de alegria e animação seguiu o personagem-símbolo. A cultura afro, tema do cortejo de hoje, foi representada pelo grupo Terra Viva e pelo grupo de Capoeira Estiva que se apresentavam durante o trajeto enquanto 500 fitas do Senhor do Bonfim eram distribuídas. Trabalhadores do MST de Santo Amaro trouxeram faixas pedindo justiça na distribuição de terra no país. No cortejo, não faltou espaço pra ninguém. O Dragão da SBPC trouxe a folia para as ruas da UFBA.

Até o tempo, que normalmente é chuvoso nesse período do ano, cooperou para o sucesso do cortejo. A chuva fina, que caiu no final de tarde, parou antes do Dragão se apresentar. Também a insegurança da cidade nos último dias foi um elemento superado pelos organizadores da SBPC. O prefeito do Campus de Ondina, José Imbiriba, não poupou sorrisos ao falar da presença da polícia federal e de seguranças contratados pela instituição.

Antes de sair da toca, espaço devidamente caracterizado na lateral do prédio do Instituto de Matemática, o Dragão da SBPC já atraia curiosos. Visto apenas ontem na programação de abertura, a fera era admirada e "investigada" por aqueles que abriam o cortejo. "Só baiano para fazer uma mistura dessas com tanta criatividade" considerou boquiaberta a professora de psicologia da UNESP Carmem Sanches, enquanto relacionava olhos puxados, chapéu de cangaço, penas e penteado "rasta fári", que caracterizam a fera.

O diretor geral e criador do Dragão da SBPC, Luiz Marfuz destacou a ampla adesão dos participantes da Reunião ao cortejo. "A estética do espetáculo de rua se impõe pela inclusão, as manifestações vão acontecendo, interferindo e garantindo a riqueza do encontro", afirmou Luiz Marfuz. Contente, ele afirma que a ampla participação traz a diversidade que SBPC objetiva.

Os trabalhadores sem terra da cidade de Santo Amaro, interior baiano, cantaram, ao som de atabaques, o hino oficial do MST. Eles mostravam faixas pedindo justiça no tratamento ao homem do campo. Até a mesmo a forma como cantavam se adaptou à animada multidão. A professora titular da Faculdade de Educação da Ufba, Celi Taffarel, responsável pela vinda dos trabalhadores, destacou o caráter democrático do cortejo. "O dragão representa a união de diversos saberes. O MST traz o saber dos que lutam pela terra", explicou a professora.

Para o casal Eliane e Políbio Lago, que participaram da última SBPC em Salvador o clima festivo foi surpreendente. "Em 1981 não havia nada disso. A atividade cultural era muito mais de fora. Estão resgatando a Bahia na SBPC", comparou Eliane. Surpresos também ficaram os que esperavam em frente ao Circo Araça Azul e não participaram do cortejo. "Não sabia que era tão bom. Vou participar no de amanhã", garantiu a estudante de história da UERJ, Ana Carolina.

Quando o Dragão chegou, o som contagiou a todos num grande círculo. Os mais empolgados faziam coreografias ao redor da fera, que só conseguiu se despedir quando um dos personagens em perna-de-pau anunciou animação dobrada para o cortejo de amanhã.

Apoio:

Quem Faz Salvador
Enciclopédia de Lideranças Culturais

 

.



[ voltar para o início ]


.. direitos ® UFBA .. | .. visual: pérsio ..