Ecos dos candomblés

Ouça uma pequena mostra do
Concerto de Música Sacra Negra.


A cultura negra esteve presente em alto nível na noite deste domingo (15/07), na Reitoria da Universidade Federal da Bahia, dando seguimento às Noites Culturais do SBPC Cultural. O 1º Concerto de Música Sacra Negra da UFBA trazia para o local a música religiosa negra, entoada pelos integrantes da Orquestra do Ilê Axé Iyá Nassô Oká e do grupo Oba Dudu. Não é sempre que a música negra é recebida com a importância devida.

A Orquestra da Casa Branca (Ilê Axé Iyá Nassô Oká) abriu o evento saudando Ogum, Iemanjá, Oxossi e outros oito Orixás com cânticos e batuques. A reitoria ganhava a atmosfera dos terreiros. As duas cantoras do grupo explicavam, a cada invocação, o que representa cada Orixá. Era a tradicional música afro adentrando um espaço acadêmico e encantando os presentes, que cantavam e acompanhavam o ritmo com palmas.

“Acho muito bom ver isso aqui, as pessoas esquecem que o rock, o axé, o rap tem base é na África”, falou Alicia Sanabria, uma psicóloga cubana, que aguardava a apresentação de Vovô Saramanda. Ele é o regente do Grupo Obá Dudu, que deu seguimento ao concerto com novas interpretações para as invocações aos orixás. Os cantos e os ritmos entoados pela percussão continuavam e mantinham a atmosfera. Sagrado mas alegre, como nos candomblés.

Sem a sisudez de outras músicas sacras, a música negra dos candomblés é fundamental na formação da cultura brasileira, apesar de ainda não ter a atenção merecida. “Tem que existir espaço para as pessoas conhecerem e respeitarem a música afro, não como folclore, mas como música sacra”, cobrou Sanabria. A opinião dela parecia ser a do público em geral, que formado em sua maioria por negros lotava o lugar e vibrava com as danças e os cânticos em iorubá.

O histórico concerto, primeiro de música sacra negra fora de um terreiro, foi prestigiado também por diversas personalidades baianas, como o diretor teatral Márcio Meirelles e o historiador Cid Teixeira. “É da maior importância a Reitoria abrir suas portas para os alabês* tocarem suas músicas”, disse Teixeira.

 



* Tocadores de atabaques

NOTA
Além de representar a música sacra negra, o que se ouvia era a base da cultura brasileira. Um dos destaques da noite era Vovô Saramanda, regente do Grupo Obá Dudu. Músico respeitado internacionalmente, ele preserva tambores portugueses quase esquecidos e é um pesquisador da música sacra afro-cubana.

Apoio:

Quem Faz Salvador
Enciclopédia de Lideranças Culturais

.



[ voltar para o início ]


.. direitos ® UFBA .. | .. visual: pérsio ..