Cabeças do Dragão
Rodolfo S Filho


Apesar de parecer que só tem uma, na verdade o Dragão tem duas cabeças: a que todos vêem durante os cortejos e a invisível, que coordena os passos da fera.

A cabeça visível é comandada por Gérson Amorim, ator do núcleo de teatro do TCA que já atuou em peças como Ensina-me a Viver. É ele que sustenta a cabeça do Dragão durante o cortejo, guiando a fera e comandando as luzes que saem dos olhos e a fumaça das ventas. “Sim, a cabeça pesa ‘um pouquinhos’, uns 25 quilos”, diz ele, respondendo a pergunta que todo mundo quer fazer.

Ele acredita que o público está recebendo bem o Dragão, tendo aplaudido bastante tanto o nascimento no Centro de Convenções quanto o primeiro cortejo. Luiz Marfuz, a cabeça invisível que concebeu e coordena a fera concorda com ele. “Os participantes da SBPC abraçaram o símbolo: saíram atrás queriam tocar. As idéias por trás - a fusão de culturas, o imaginário - estão chegando de uma forma bonita e afetuosa às pessoas”, diz ele.

Marfuz lembra que, além dos cortejos, o Dragão aparecerá em alguma das palestras ou conferências. Mas não diz qual de jeito nenhum. “È uma surpresa. A idéia é que a Arte interrompa a Ciência, mas não em oposição, e sim para dialogar”.

“O Dragão é à prova dos quatro elementos”, diz ele sobre as dificuldades impostas pela chuva e pelos espaços que - como era de se esperar - não foram planejados para o trânsito de seres mitológicos. “Apesar das escadas e áreas muito fechadas, não há muitos problemas. As pessoas vão abrindo e construindo o caminho do Dragão”, num espetáculo de rua semelhante a outros existentes da Bahia, como as lavagens.

E para onde vai o Dragão depois do último cortejo e do conflito final com os Guardiães do Conhecimento? “O Dragão não morre. Ele é um símbolo do imaginário e por isso não morre. Depois do último combate, acontecerá o renascimento da fera”.

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