A
chuva atrapalhou, mas não foi suficiente para conter os ânimos
do público presente, hoje (17/07), na melhor noite do Circo
Araçá Azul até agora. Na Noite do Movimento,
ninguém ficou parado, e a platéia assistiu de pé
as apresentações, que variaram do rock ao erudito,
do street dance à dança do ventre. Quando Rebeca Mata
subiu ao picadeiro para fechar com chave de ouro a folia, encontrou
uma platéia pronta para o êxtase total.
Mas
tudo começou na santa paz, sem drogas ou rock and roll. No
clima do cortejo do Sagrado (até São Pedro
deu um tempo para o Dragão), a primeira atração
circense foi o Madrigal da Ufba. O coral cantou de Bach
a J. Van Berchem, e, apesar do clima rebelde que pairava sob a lona,
recebeu calorosos aplausos da galera (ops!!!) cult.
Já a segunda cena da noite foi trash. Os apresentadores e
atores Fernanda Paquelet e Maurício Oliveira usavam dois
modelitos vamps, no melhor estilo Zé do Caixão.
Esta é a noite do movimento vamp. Vamos aqui pedir
ao público para dizer quem vai morrer na educação,
na cultura, na política, alegou Fernanda. Na política,
o coro foi um só para quem deveria morrer: venceu por unanimidade
o senador fujão ACM.
A
primeira banda a mostrar seu trabalho no Circo da diversidade, a
Setembro arrasou e emplacou de vez o hit Te vejo em setembro,
que estará no primeiro CD do quarteto, com lançamento
previsto para agosto. Paridos em Salvador, como o restante das atrações,
eles estão há cinco anos da estrada e, por incrível
que pareça, quase ninguém sabia da existência
dos rapazes. Tocamos onde dá, nos circuitos como Pelourinho,
Rádio Bazar, Festival de Verão. Mas ainda não
dá para viver só disso, confessou o vocalista
Carlos Henrique, mais conhecido como CH.
O
grupo de street dance American Bar fez um dueto com a Setembro.
A platéia, sempre de pé (primeira vez que isso acontece
no Circo nestes quatro dias), assistiu a performances de capoeira
e lutas marciais, com saltos mortais e acrobacias. Há
dez anos nos concentramos no Pelourinho e de lá para cá
mudamos a formação por várias vezes. Estamos
sempre nos apresentando em show e eventos, contou a dançarina
Mayra Mel, um doce de pessoa. O fundador do American, composto por
32 dançarinos, Roberval Rocha (mais conhecido pelo nome ligeiramente
sinistro Robby Rocha), ficou com vergonha de dar entrevista e apenas
disse que se inspirou nos filmes B-Street e Break
Dance para compor o seu movimento.
Após o bando de truculentos homens musculosos deixarem o
picadeiro, chegou a vez do charme encantar e desbocar o público
masculino. O 4n Ponto, grupo pop formado por quatro
lindas garotas (Sandrinha, Railema, Gil France e Andréa Costalima)
e um tecladista (ah, o nome dele não importa, mas tudo bem:
é Radamés Venâncio), atraiu todos os tipos de
olhares maliciosos que se possa imaginar. Bom, quem se apaixonou
pode conferir o trabalho das garotas no Jazz Brasil.net, no Rio
Vermelho. Apenas uma delas está solteira. Contatos? O e-mail
das beldades é mkt@terra.com.br
A
penúltima atração da noite mostrou movimentos
sensuais. E bota sensual nisso. A lona virou uma caixa de desejos,
um harém de peça única, um santuário
de formosura. A dançarina Cristiane Pinho hipnotizou a todos
com a dança do ventre, sem falar naquele sorriso fantástico
estampado no rosto o tempo inteiro. A dança do ventre
modela o corpo, afina a cintura e fortalece as pernas, garantiu.
É, deu para notar tudo isso. Cristiane, que tem 26 aninhos,
é aluna da Escola de Teatro da Ufba e está em cartaz
na peça Redoble - Drama, Trama e Traumas, que
estréia nesta sexta-feira, no Teatro do Sesi-Rio Vermelho.
Rebeca Matta, com o som pesado do seu segundo CD Garotas boas
vão para o céu, garotas más vão para
qualquer lugar misturado ao barulho das gotas de chuva, fez
o público delirar. Pô, muito legal tocar num
circo, afirmou a garota má. O melhor da
Noite do Movimento foi quando, na última canção
de Rebeca, o telão exibiu cenas de um documentário
amador sobre a invasão da Polícia Militar da Bahia
à Ufba, durante as manifestações em favor da
cassação do ex-senador Antônio Carlos Magalhães,
o mesmo que virou defunto hoje, no Circo Araçá Azul.
Não foram
O Grupo de Teatro
Popular do SESI, o coral A Hora da Criança e o violonista
clássico Humberto Sales não puderam comparecer ao
Circo Araçá Azul, onde se apresentariam hoje, em virtude
da greve das Polícias Civil e Militar que parece nunca ter
fim. Que coisa!
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