Muito movimento no Circo
Alexandre Reis


A chuva atrapalhou, mas não foi suficiente para conter os ânimos do público presente, hoje (17/07), na melhor noite do Circo Araçá Azul até agora. Na “Noite do Movimento”, ninguém ficou parado, e a platéia assistiu de pé as apresentações, que variaram do rock ao erudito, do street dance à dança do ventre. Quando Rebeca Mata subiu ao picadeiro para fechar com chave de ouro a folia, encontrou uma platéia pronta para o êxtase total.

 

Mas tudo começou na santa paz, sem drogas ou rock and roll. No clima do cortejo do “Sagrado” (até São Pedro deu um tempo para o Dragão), a primeira atração circense foi o “Madrigal da Ufba”. O coral cantou de Bach a J. Van Berchem, e, apesar do clima rebelde que pairava sob a lona, recebeu calorosos aplausos da galera (ops!!!) cult.

Já a segunda cena da noite foi trash. Os apresentadores e atores Fernanda Paquelet e Maurício Oliveira usavam dois modelitos vamps, no melhor estilo “Zé do Caixão”. “Esta é a noite do movimento vamp. Vamos aqui pedir ao público para dizer quem vai morrer na educação, na cultura, na política”, alegou Fernanda. Na política, o coro foi um só para quem deveria morrer: venceu por unanimidade o senador fujão ACM.

A primeira banda a mostrar seu trabalho no Circo da diversidade, a Setembro arrasou e emplacou de vez o hit “Te vejo em setembro”, que estará no primeiro CD do quarteto, com lançamento previsto para agosto. Paridos em Salvador, como o restante das atrações, eles estão há cinco anos da estrada e, por incrível que pareça, quase ninguém sabia da existência dos rapazes. “Tocamos onde dá, nos circuitos como Pelourinho, Rádio Bazar, Festival de Verão. Mas ainda não dá para viver só disso”, confessou o vocalista Carlos Henrique, mais conhecido como CH.

O grupo de street dance American Bar fez um dueto com a Setembro. A platéia, sempre de pé (primeira vez que isso acontece no Circo nestes quatro dias), assistiu a performances de capoeira e lutas marciais, com saltos mortais e acrobacias. “Há dez anos nos concentramos no Pelourinho e de lá para cá mudamos a formação por várias vezes. Estamos sempre nos apresentando em show e eventos”, contou a dançarina Mayra Mel, um doce de pessoa. O fundador do American, composto por 32 dançarinos, Roberval Rocha (mais conhecido pelo nome ligeiramente sinistro Robby Rocha), ficou com vergonha de dar entrevista e apenas disse que se inspirou nos filmes “B-Street” e “Break Dance” para compor o seu movimento.
Após o bando de truculentos homens musculosos deixarem o picadeiro, chegou a vez do charme encantar e desbocar o público masculino. O “4’n Ponto”, grupo pop formado por quatro lindas garotas (Sandrinha, Railema, Gil France e Andréa Costalima) e um tecladista (ah, o nome dele não importa, mas tudo bem: é Radamés Venâncio), atraiu todos os tipos de olhares maliciosos que se possa imaginar. Bom, quem se apaixonou pode conferir o trabalho das garotas no Jazz Brasil.net, no Rio Vermelho. Apenas uma delas está solteira. Contatos? O e-mail das beldades é mkt@terra.com.br

A penúltima atração da noite mostrou movimentos sensuais. E bota sensual nisso. A lona virou uma caixa de desejos, um harém de peça única, um santuário de formosura. A dançarina Cristiane Pinho hipnotizou a todos com a dança do ventre, sem falar naquele sorriso fantástico estampado no rosto o tempo inteiro. “A dança do ventre modela o corpo, afina a cintura e fortalece as pernas”, garantiu. É, deu para notar tudo isso. Cristiane, que tem 26 aninhos, é aluna da Escola de Teatro da Ufba e está em cartaz na peça “Redoble - Drama, Trama e Traumas”, que estréia nesta sexta-feira, no Teatro do Sesi-Rio Vermelho.

Rebeca Matta, com o som pesado do seu segundo CD “Garotas boas vão para o céu, garotas más vão para qualquer lugar” misturado ao barulho das gotas de chuva, fez o público delirar. “Pô, muito legal tocar num circo”, afirmou a “garota má”. O melhor da “Noite do Movimento” foi quando, na última canção de Rebeca, o telão exibiu cenas de um documentário amador sobre a invasão da Polícia Militar da Bahia à Ufba, durante as manifestações em favor da cassação do ex-senador Antônio Carlos Magalhães, o mesmo que virou defunto hoje, no Circo Araçá Azul.


Não foram

O Grupo de Teatro Popular do SESI, o coral A Hora da Criança e o violonista clássico Humberto Sales não puderam comparecer ao Circo Araçá Azul, onde se apresentariam hoje, em virtude da greve das Polícias Civil e Militar que parece nunca ter fim. Que coisa!

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