O que é
a tradição senão a permanência de conhecimento,
valores e cultura, passados de geração em geração?
Com esse mote, foi realizado ontem à noite, na Reitoria da
Ufba, dentro das Noites Culturais do SBPC Cultural, o espetáculo
Permanência - Eu Nasci Assim.... A terceira parte
do painel, que já havia apresentado a Ruptura e a Releitura
como forças dentro da cultura baiana, colocou lado a lado o
erudito e o popular, o regional e o universal, focando a cultura baiana
que não se esmorece com o passar do tempo. Permanece rica e
diversa.
Foi exatamente
essa a noção que se teve durante as três noites
do painel, dirigido po Meran Vargens. Na última noite, mais
uma vez a Cia. de Teatro Os Bobos da Corte guiou o público
e o próprio espetáculo. O Tempo-Rei de
Gilberto Gil, louvando o tempo, foi lembrado por um dos mestres
da encenação, o historiador Ubirajara Castro de Araújo.
Ele mostrou como permanecem vivos na cultura baiana diversos traços
do passado.
Lembrou as lutas
dos escravos em diversas batalhas e guerras, a favor da liberdade
e contra a opressão, impérios e ditaduras. Mesmo depois
de tanto tempo, o povo baiano ainda luta pela liberdade e contra
os vários ismos que o oprime, do colonialismo
ao carlismo. A diretora Meran Vargens também realizou uma
intervenção, lembrando o último SBPC em Salvador,
em 81, quando aconteceu uma histórica greve na Bahia. Como
se o tempo não passasse, outra histórica greve atinge
a Bahia de forma violenta em 2001.
A permanência
está na cultura afro, mostrada através da percussão
do Grupo Bagunçaço e cantada em Olhos Coloridos,
um clássico da afirmação do cabelo, pele e
sorriso do povo negro. O Balé Folclórico marcou presença
com uma dança tradicional com fogo. A dupla Tereza Condim
e Antônio Portela apresentaram a permanência na música.
Tanto a regional vinda da região de Canudos, tocada com pífano
e triângulo, quanto a erudita, com uma valsa e um concerto,
tocados com flauta e piano.
Textos de Machado
de Assis e Gregório de Mattos eram recitados, mostrando a
vitalidade e atualidade de suas obras. Não faltaram memórias
a outra tradição baiana, o cinema. Esse porém
foi lembrado com um grito quase desesperado de pedido de apoio.
A Escola Baiana de Teatro também foi abordada, através
das várias críticas que sofreu e ainda sofre. Foram
realizadas ainda homenagens a baianos, como o geógrafo Milton
Santos, Raul Seixas e Dorival Caymmi.
O público
presente na Reitoria da Ufba pôde assistir durante, as Noites
Culturais, diversas manifestações da cultura baiana
e ver como ela é rica e forte. Ao mesmo tempo que rompe com
paradigmas, faz releituras de obras já existentes e permanece
valorizando cada vez mais suas tradições. O painel
mostrou a diversidade da Bahia sem ufanismos e não deixando
de lado as críticas à própria cultura baiana.
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