Se
apresentou hoje no Palco Maracangalha a banda Erê Jitolú,
formada por jovens do Movimento Hip-Hop de Salvador. A banda, cujo
nome quer dizer "meninos do povo de barro" em Iorubá,
cantou músicas que tratam da realidade de Salvador e temas
relacionados à situação dos negros da cidade.
Enquanto o grupo se apresentava, um grafiteiro utilizava latas de
tinta spray para fazer uma faixa como nome da SBPC.
O grupo existe há sete anos, tendo como influências
o rap e o hip-hop nacional, como Racionais e Thaíde e Hum.
"As músicas estrangeiras têm muito machismo e
palavrão, não tendo uma mensagem igual às nacionais",
diz Márcio, dj do grupo. Ele se apresenta no palco com dois
toca-discos, integrando pedaços de músicas já
existentes às performances do Êre. Mas o grupo não
se alimenta só de samba. "Ouvimos mais samba que hip-hop."
O Êre Jitolú faz parte da posse Ori - que inclui bandas
como a Simples Rap'ortagem - que compareceu em peso. "Posses"
são grupos organizados de acordo com regiões geográficas.
Cada posse tem um nome e uma zona onde concentram suas atuações.
Além de bandas, as posses incluem skatistas, dançarinos
de rap, break e grafiteiros. Em Salvador, as posses que formam o
Movimento Hip-Hop na cidade se reúnem todas as quintas no
Passeio Público, às 19:30h.
"Grafite é arte. Pichação é vandalismo"
Wilson é grafiteiro há três anos. Ele se apresentou
enquanto a Êre Jitolú tocava no Palco Maracangalha,
pintando numa faixa a sigla "SBPC" com tinta spray. Segundo
ele, é o grafite que dá a identidade visual do hip-hop,
além de ser utilizado para passar mensagens relacionadas
ao Movimento.
"A diferença entre a pichação e grafite
é que o grafite é arte, sempre feito com autorização.",
diz Wilson. Ele conta que o grafite está crescendo em Salvador,
apesar das dificuldades e do preço das tintas, alto para
o pessoal do movimento. "Cada lata custa oito reais. Alguns
murais levam mais de trinta latas".
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